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O descarte adequado do lixo odontológico

Última modificação em: 04/03/2025 16:14

O descarte adequado do lixo odontológico é fundamental para garantir a segurança dos pacientes, dos profissionais de saúde e do meio ambiente. Na área odontológica, diversos materiais são utilizados e precisam ser separados e descartados de forma correta, seguindo normas específicas. Abaixo estão algumas orientações gerais, mas lembre-se sempre de verificar a legislação e as normas sanitárias locais (por exemplo, as resoluções e portarias da Anvisa e órgãos estaduais/municipais no Brasil).


1. Entenda as classes de resíduos odontológicos

Normalmente, classifica-se o lixo odontológico em diferentes categorias (ou grupos), de acordo com o risco que cada um representa. Embora a legislação possa ter variações conforme o país ou a localidade, de forma geral, temos:

  1. Resíduos comuns (Grupo D):

    • Materiais que não representam risco biológico, químico ou perfurocortante, como papel, embalagens limpas, etc.
  2. Resíduos biológicos (Grupo A):

    • Materiais que tiveram contato com sangue, fluidos corporais e que podem representar risco de infecção (ex.: gaze e algodão saturados de sangue, restos de tecido, dentes extraídos sem amálgama, luvas contaminadas).
  3. Resíduos químicos (Grupo B):

    • Materiais que contêm substâncias químicas perigosas ou resíduos tóxicos, como produtos à base de mercúrio (amálgama dental), reveladores e fixadores radiográficos, medicamentos vencidos ou sobras de medicações.
  4. Resíduos perfurocortantes (Grupo E):

    • Materiais que podem perfurar ou cortar a pele, como agulhas, lâminas, bisturis, brocas, limas endodônticas e objetos pontiagudos.

2. Principais cuidados e formas de descarte

  1. Perfurocortantes

    • Devem ser descartados em recipientes rígidos, com tampas seguras e resistentes a perfurações, para evitar acidentes.
    • Esses recipientes devem ter rótulos de “PERFUROCORTANTE” e, ao atingirem 2/3 de sua capacidade, devem ser selados e encaminhados ao descarte apropriado.
  2. Resíduos biológicos (infectantes)

    • Devem ser acondicionados em sacos ou recipientes impermeáveis, geralmente na cor branca leitosa (conforme normas da Anvisa no Brasil), devidamente identificados com o símbolo de substância infectante.
    • O descarte deve ser feito em conjunto com o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde (RSS) e encaminhado para tratamento adequado (incineração, autoclavagem ou outro método aprovado).
  3. Resíduos químicos

    • Amálgama dental (quando ainda utilizado): deve ser armazenado em recipientes hermeticamente fechados, submerso em solução adequada (por exemplo, em solução de tiossulfato de sódio ou água para minimizar vapores de mercúrio), e encaminhado a empresas especializadas em reciclagem ou descarte de metais pesados.
    • Reveladores e fixadores radiográficos: precisam de coleta e descarte específicos devido à presença de produtos químicos que podem contaminar o solo e a água. Existem empresas ou centrais de tratamento habilitadas para esse tipo de resíduo.
    • Medicamentos vencidos ou sobras de fármacos: devem ser encaminhados a postos de coleta ou empresas especializadas em descarte de resíduos farmacêuticos.
  4. Resíduos comuns

    • Podem ser descartados junto ao lixo comum, desde que não apresentem qualquer risco químico, biológico ou perfurocortante e não tenham estado em contato com material infectante.
    • Também é importante considerar a possibilidade de reciclagem sempre que possível (papéis, plásticos limpos etc.).

3. Armazenamento e transporte interno

  • É fundamental que a clínica ou consultório odontológico mantenha recipientes separados e identificados de acordo com cada tipo de resíduo, facilitando o descarte correto desde a origem.
  • Os funcionários devem ser treinados para descartar cada material na lixeira correta, evitando a mistura indevida dos resíduos.
  • O transporte interno do lixo dentro do consultório deve ser feito em recipientes adequados, sempre seguindo as normas de biossegurança (luvas, carrinhos específicos, rotas de descarte bem definidas para evitar contaminação cruzada).

4. Destino final e empresas especializadas

  • Para muitos dos resíduos odontológicos, principalmente os biológicos, químicos e perfurocortantes, há necessidade de contratar empresas ou serviços de coleta especializados em Resíduos de Serviços de Saúde (RSS).
  • Verifique se a empresa escolhida possui as licenças e autorizações necessárias dos órgãos ambientais e sanitários.
  • Peça notas fiscais ou certificados de destinação final, garantindo que o resíduo foi de fato tratado e descartado de maneira correta e legal.

5. Legislação e normas (Brasil como exemplo)

  • ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária): Resolução RDC nº 222/2018, que dispõe sobre Boas Práticas de Gerenciamento dos Resíduos de Serviços de Saúde.
  • CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente): Resoluções que tratam do gerenciamento de resíduos perigosos.
  • Normas estaduais e municipais podem adicionar requisitos específicos quanto a transporte e local de incineração ou tratamento.
  • O consultório deve possuir um Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS) atualizado, descrevendo todas as etapas de manejo, tratamento e destinação dos resíduos.

6. Dicas finais

  • Treinamento constante: todos os profissionais da clínica, inclusive auxiliares e técnicos, devem receber capacitação periódica sobre o manejo correto dos resíduos.
  • Uso de EPIs: Equipamentos de Proteção Individual (luvas, máscaras, aventais, protetor facial) devem ser utilizados sempre que manusear ou transportar resíduos.
  • Checklists regulares: Mantenha uma rotina de verificação se as lixeiras estão adequadamente identificadas e se os fluxos de descarte estão sendo seguidos.
  • Documentação: Registre sempre a forma de descarte e guarda das notas e recibos de coleta. Isso é importante tanto para cumprir exigências legais quanto para assegurar a rastreabilidade e a responsabilidade socioambiental.

Conclusão

Descartar o lixo odontológico adequadamente não apenas cumpre obrigações legais e sanitárias, mas também contribui para a saúde pública, a segurança ocupacional e a proteção do meio ambiente. Seguir as normas de gerenciamento de resíduos, separar corretamente o lixo de acordo com o tipo (biológico, químico, perfurocortante etc.) e contratar serviços especializados para o tratamento e coleta final são medidas essenciais para qualquer consultório ou clínica odontológica.