Última modificação em: 04/09/2025 17:38
O manejo de Resíduos de Serviços de Saúde (RSS) líquidos, especialmente aqueles classificados como de alto risco biológico (Grupo A) ou químico (Grupo B), representa um desafio crítico para a saúde pública e a biossegurança no Brasil. A legislação nacional, notadamente a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) 222/2018 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), proíbe o descarte direto desses efluentes em aterros sanitários, exigindo seu tratamento prévio.1 Nesse contexto, a solidificação por meio do uso de Poliacrilato de Sódio (SAP) emerge como uma tecnologia de pré-tratamento altamente eficaz e em conformidade com as normas vigentes.
O presente relatório técnico conclui que a aplicação de Poliacrilato de Sódio é uma solução viável e benéfica para o gerenciamento de RSS líquidos, transformando efluentes perigosos em materiais sólidos mais seguros, fáceis de manusear e transportar.1 Contudo, a eficácia do processo é influenciada pela composição do resíduo, com fluidos biológicos exigindo dosagens ajustadas devido à presença de sais. O sucesso da gestão de resíduos solidificados depende de uma destinação final ambientalmente adequada. A incineração e, em particular, o coprocessamento em fornos de cimenteiras, são as alternativas mais recomendadas, pois promovem a destruição completa do resíduo e se alinham aos princípios da economia circular, ao contrário da disposição em aterros sanitários, que levanta preocupações ambientais de longo prazo devido à baixa biodegradabilidade do SAP.5 O mercado brasileiro oferece soluções integradas, onde empresas especializadas fornecem o produto, o transporte e a destinação final, assegurando a conformidade legal e a segurança operacional para os geradores de resíduos.
O correto gerenciamento dos resíduos de serviços de saúde é uma prioridade estratégica para hospitais, clínicas, laboratórios e outros estabelecimentos que geram RSS.1 Os resíduos líquidos, em especial os fluidos corporais como sangue e urina, representam um vetor significativo de risco para a saúde dos profissionais, pacientes e para o meio ambiente.1 A legislação brasileira, ao proibir a disposição de resíduos líquidos em aterros sanitários, impulsionou a busca por tecnologias eficientes de tratamento. Uma das soluções que ganhou destaque é a solidificação de efluentes líquidos por meio da aplicação de Poliacrilato de Sódio.
O Poliacrilato de Sódio, um polímero superabsorvente (SAP), é uma substância granular branca com uma capacidade extraordinária de absorver e reter grandes volumes de líquidos.9 Sua aplicação na área de saúde não é uma inovação recente, visto que é o principal componente absorvente de produtos de higiene como fraldas e absorventes sanitários.10 No entanto, sua utilização direta como agente solidificante de resíduos líquidos de saúde é uma aplicação específica que visa mitigar os riscos inerentes a esses materiais. A tecnologia transforma um resíduo líquido perigoso em uma massa sólida gelatinosa, alterando suas características físicas e viabilizando um manejo e uma destinação final mais seguros e em conformidade com a lei.1
O Poliacrilato de Sódio é um polímero superabsorvente (SAP) sintético, com o número de registro CAS 9003-04-7. Quimicamente, é um sal de sódio do ácido poliacrílico, e sua fórmula química pode ser representada como (C3H4O2)x⋅xNa.9 A estrutura do polímero consiste em longas cadeias de unidades de acrilato ligadas entre si, que conferem suas notáveis propriedades hidrofílicas.9 O composto é um pó granular branco, não tóxico e que, sob certas condições, pode ser considerado biodegradável, embora de forma lenta.7 A substância também atua como um agente quelante, sendo capaz de prender íons de metais pesados como magnésio, ferro ou zinco.10
O mecanismo de absorção do Poliacrilato de Sódio é fundamentado em suas propriedades como um polieletrólito aniônico.11 A cadeia principal do polímero contém múltiplos grupos carboxílicos (
−COO−) que, em solução aquosa, se dissociam e adquirem carga negativa.11 O processo de absorção ocorre porque as moléculas de água, que são polares, são fortemente atraídas por esses grupos aniônicos através de interações íon-dipolo.12 A repulsão eletrostática entre as cadeias poliméricas carregadas negativamente faz com que a estrutura se expanda, permitindo a entrada de grandes volumes de água.11
A capacidade de absorção do Poliacrilato de Sódio é notável, podendo reter entre 200 a 300 vezes seu próprio peso em água pura, formando uma substância semelhante a um gel.10 Em fluidos com maior concentração de sais, como o sangue ou a urina, a eficiência de absorção é significativamente reduzida.1 Isso se deve à competição dos íons presentes no fluido pelos sítios de ligação no polímero, interferindo na expansão da cadeia e exigindo um ajuste na dosagem para alcançar a solidificação completa.1 A Tabela 1 consolida as principais propriedades físico-químicas do SAP e suas implicações para a gestão de resíduos de saúde.
Tabela 1: Propriedades Físico-Químicas do Poliacrilato de Sódio e sua Relevância na Gestão de RSS
Propriedade Físico-Química | Descrição e Mecanismo | Relevância para a Gestão de RSS |
Polieletrólito Aniônico |
O polímero contém grupos carboxílicos negativamente carregados na sua cadeia.11 |
O caráter aniônico atrai fortemente as moléculas de água (interações íon-dipolo), sendo o fundamento do mecanismo de absorção.12 |
Supercapacidade de Absorção |
Absorve até 300 vezes o seu peso em água pura.11 |
Transforma resíduos líquidos perigosos em resíduos sólidos de fácil manuseio e transporte.1 |
Inerente não Toxicidade |
O Poliacrilato de Sódio é considerado não tóxico em sua forma pura.9 |
A sua aplicação é segura para o uso em ambientes de saúde e em contato com resíduos de alto risco, sem adicionar toxicidade ao material.9 |
Agente Quelante |
Possui capacidade de se ligar a íons de metais pesados como magnésio e ferro.10 |
Ajuda a neutralizar a presença de metais em efluentes contaminados, potencializando a eficácia do tratamento.10 |
Susceptibilidade a Sais |
A capacidade de absorção é reduzida em soluções com alta concentração de sais.1 |
A dosagem do produto deve ser ajustada para fluidos biológicos como sangue e urina, pois a presença de íons interfere no mecanismo de absorção.1 |
A gestão de Resíduos de Serviços de Saúde (RSS) no Brasil é regida por um arcabouço legal robusto, com destaque para a RDC 222/2018 da ANVISA.2 Essa resolução, que revogou a RDC 306/2004, estabelece diretrizes para o gerenciamento de RSS desde a sua geração até a destinação final, abrangendo atividades em instituições de saúde humana e animal.2 O ponto central para a aplicação da solidificação é a exigência de tratamento de resíduos perigosos antes de seu descarte, sendo expressamente proibida a disposição de resíduos líquidos em aterros sanitários.1
A RDC 222/2018 atua em conjunto com outras normas, como a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), instituída pela Lei nº 12.305/2010, e as resoluções do CONAMA, que complementam as diretrizes de gestão de resíduos.16 Esse conjunto de normas define as responsabilidades dos geradores de resíduos e a necessidade de elaboração de um Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS).2
O Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS) é um documento mandatório que descreve todas as ações relativas ao manejo dos RSS, desde a segregação na origem até a disposição final ambientalmente adequada.2 A solidificação com Poliacrilato de Sódio se encaixa diretamente nesse plano como um procedimento de pré-tratamento, especialmente para resíduos de alto risco biológico (Grupo A) ou químico (Grupo B) que se apresentam na forma líquida.21 O processo de solidificação é uma etapa crucial que permite ao gerador de RSS cumprir a exigência legal de tratamento
in-situ
, diminuindo os riscos de contaminação dentro do próprio estabelecimento.21
Uma das implicações mais significativas da solidificação é a potencial reclassificação do resíduo. Resíduos perigosos que passam por um processo de tratamento que altera suas características físicas e químicas podem ser convertidos em resíduos comuns.20 A solidificação, ao converter um resíduo líquido perigoso em um resíduo sólido, o torna elegível para uma nova classificação, como um resíduo do Grupo D (resíduos equiparados aos domiciliares), desde que os testes de lixiviação e solubilização da NBR 10004 e NBR 10006, respectivamente, comprovem que o material não apresenta risco de contaminação.19 Essa reclassificação é fundamental, pois viabiliza o descarte final do material em aterros sanitários, que não aceitam resíduos líquidos, e também abre a possibilidade de outros tratamentos, como a incineração.23 A Tabela 2 resume as principais resoluções e normas.
Tabela 2: Resoluções e Normas Chave na Legislação Brasileira de Resíduos de Saúde
Nome da Norma | Órgão/Entidade | Objetivo e Relevância |
RDC 222/2018 | ANVISA |
Regulamenta o gerenciamento de RSS, revogando a RDC 306/2004. Exige tratamento prévio para resíduos líquidos perigosos.2 |
Resolução CONAMA nº 358/05 | CONAMA |
Estabelece as diretrizes para o gerenciamento de resíduos sólidos de serviços de saúde.16 |
Lei nº 12.305/2010 | PNRS |
Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, definindo responsabilidades e objetivos para a gestão de resíduos em geral.17 |
ABNT NBR 10004 | ABNT |
Classifica os resíduos sólidos quanto aos seus riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde.24 Fundamental para a reclassificação do resíduo solidificado.20 |
ABNT NBR 10006 | ABNT |
Estabelece o procedimento para o teste de solubilização de resíduos.22 Essencial para comprovar a estabilidade do material solidificado.22 |
ABNT NBR 12235 | ABNT |
Orienta o armazenamento de resíduos perigosos, aplicável ao resíduo solidificado antes do transporte.26 |
A aplicação do Poliacrilato de Sódio é um processo relativamente simples. O polímero, na forma de um pó granular branco, é adicionado diretamente ao resíduo líquido que se deseja solidificar.10 Em contato com o efluente, o pó absorve o líquido e incha rapidamente, formando um gel homogêneo. A simplicidade do processo permite que a solidificação seja realizada de forma eficiente no local de geração do resíduo.
A utilização de Poliacrilato de Sódio para solidificação de resíduos líquidos de saúde oferece uma série de vantagens cruciais, tanto operacionais quanto de biossegurança.1 Primeiramente, a tecnologia garante a conformidade legal, atendendo às exigências da RDC 222/2018, que proíbe a disposição de resíduos líquidos em aterros.1 Em segundo lugar, a solidificação reduz drasticamente os riscos de contaminação e de acidentes ocupacionais. Ao transformar o efluente líquido em uma massa sólida, minimiza-se o risco de derramamentos e vazamentos durante o manuseio e o transporte, protegendo a saúde dos trabalhadores e a segurança do ambiente hospitalar.1 Por fim, a praticidade do material solidificado facilita o manejo, o acondicionamento e o transporte do resíduo para sua destinação final.1
Apesar de suas vantagens, o uso do Poliacrilato de Sódio apresenta desafios técnicos que precisam ser gerenciados. A principal limitação é a sua eficiência reduzida em fluidos biológicos como sangue e urina.1 A presença de íons, como sódio e potássio, nesses fluidos compete com a água pelos sítios de ligação no polímero, diminuindo sua capacidade de absorção.1 Isso exige que a dosagem do produto seja ajustada, uma vez que a proporção ideal de SAP para água pura não será a mesma para fluidos corporais, a fim de garantir uma solidificação completa e eficaz.
Outro desafio relevante é o chamado "bloqueio por gel" (ou block-gel
).29 Esse fenômeno ocorre quando o pó é adicionado de forma muito rápida à superfície do líquido. As partículas externas do polímero absorvem o líquido e intumescem rapidamente, formando uma barreira gelatinosa que impede a penetração da água nas partículas internas.29 Como resultado, o líquido escorre sem ser absorvido pela totalidade do polímero, comprometendo a eficácia da solidificação. A aplicação controlada e gradual do SAP é, portanto, essencial para mitigar esse efeito e garantir um bom resultado. A Tabela 3 apresenta um resumo das vantagens e desafios.
Tabela 3: Vantagens e Desafios da Solidificação com SAP em Resíduos de Saúde
Vantagens | Desafios |
Conformidade Legal 1 |
Dosagem Variável 1 |
Melhora da Biossegurança 1 |
Efeito |
Praticidade e Logística 1 |
Impacto Ambiental de Longo Prazo em Aterros 6 |
A questão da biodegradabilidade do Poliacrilato de Sódio é um ponto de debate no ciclo de vida do resíduo solidificado. Embora algumas fontes o descrevam como biodegradável em certas condições, sua degradação é notoriamente lenta em ambientes de aterro sanitário.7 A decomposição do polímero pode levar centenas de anos, o que o torna um contribuinte para a formação de passivos ambientais de longo prazo.30 A biodegradabilidade do material depende de fatores como a presença de água e aeração no aterro, condições que frequentemente são limitadas nesses locais.7
A natureza do Poliacrilato de Sódio, que o torna um material superabsorvente, é a mesma que o impede de se degradar rapidamente em um aterro.6 O material, de origem petroquímica, não se decompõe facilmente, o que traz desafios para a sustentabilidade da destinação final em aterros sanitários.31
A solidificação é um processo de estabilização que visa converter um resíduo perigoso em uma forma física e quimicamente mais estável.33 O principal objetivo é reduzir a mobilidade e a lixiviação de contaminantes para o meio ambiente, protegendo os lençóis freáticos e solos.28 A lixiviação é um processo natural onde a água que percola por um material sólido dissolve e transporta substâncias, gerando um lixiviado, que em aterros sanitários é um efluente altamente poluente.34
O Poliacrilato de Sódio, ao absorver o resíduo líquido, cria uma matriz sólida que aprisiona os contaminantes.28 A comprovação da eficácia da solidificação para fins de destinação final é realizada através de testes de lixiviação e solubilização, conforme as normas NBR 10006 e 10007 da ABNT.22 Se o material solidificado não apresentar lixiviação de contaminantes acima dos limites aceitáveis, ele pode ser classificado como resíduo inerte (Classe III) ou não inerte (Classe II), o que viabiliza seu descarte em aterros.22 O processo, portanto, cumpre seu papel de minimizar o risco de contaminação ambiental na fase de disposição final.
A escolha da destinação final do resíduo solidificado é determinante para a sustentabilidade do processo. As principais opções são:
Incineração: É um método eficaz de destruição de resíduos perigosos que reduz o volume do material em até 85%.36 Resíduos contendo Poliacrilato de Sódio podem ser incinerados em fornos controlados sem afetar negativamente a segurança ou as emissões.6 O processo destrói os agentes biológicos e químicos, e o calor gerado pode ser reaproveitado para a produção de energia.5 No entanto, a incineração gera cinzas e, se não for rigorosamente controlada, pode liberar gases poluentes.5
Coprocessamento: Considerada a alternativa mais sustentável e alinhada à economia circular.5 O resíduo solidificado é utilizado como combustível ou matéria-prima alternativa em fornos de cimenteiras.5 As altas temperaturas garantem a destruição completa do resíduo, e os subprodutos são incorporados ao clínquer (material base do cimento).5 O coprocessamento não gera passivos ambientais, como cinzas, e reduz a necessidade de combustíveis fósseis, tornando-o uma opção de destinação final altamente vantajosa do ponto de vista ambiental.5
Aterro Sanitário: A reclassificação do resíduo solidificado permite sua disposição em aterros sanitários.20 Contudo, a baixa biodegradabilidade do SAP levanta preocupações sobre o acúmulo de material não degradável ao longo do tempo.6 Embora a solidificação minimize a lixiviação, a disposição em aterros sanitários não representa uma solução de ciclo fechado, como o coprocessamento.
A solidificação com Poliacrilato de Sódio não é a única tecnologia para o tratamento de resíduos líquidos de saúde. A Tabela 4 apresenta um comparativo multicritério com outras metodologias, como a incineração, a autoclavagem e o tratamento físico-químico de efluentes, para auxiliar na tomada de decisão estratégica.
Tabela 4: Comparativo Multicritério de Tecnologias de Tratamento de Resíduos Líquidos de Saúde
Critério de Análise | Solidificação com SAP | Incineração | Autoclavagem | Tratamento Físico-Químico |
Custo de Capital | Baixo. Utiliza o próprio material e recipientes simples. | Alto. Requer a construção e licença de grandes usinas. |
Moderado a Alto. Requer a compra e instalação de autoclaves.38 |
Alto. Requer a construção de uma estação de tratamento de efluentes (ETE). |
Custo Operacional |
Variável, dependendo da dosagem necessária.1 |
Elevado (combustível, manutenção, controle de emissões). |
Variável (energia, manutenção, mão de obra).38 |
Elevado (energia, produtos químicos, manutenção). |
Eficácia na Destruição de Patógenos |
Por si só, a solidificação não destrói patógenos, apenas os imobiliza. A eficácia biológica depende da destinação final.1 |
Alta. O calor destrói patógenos e agentes biológicos de forma eficaz.37 |
Alta. A combinação de calor e pressão destrói microrganismos.38 |
Variável. Focada na separação de impurezas, não na destruição de patógenos.39 |
Estado Físico Pós-Tratamento |
Sólido, gelatinoso.10 |
Cinzas (resíduo sólido inerte).5 |
Mantém o estado físico original, geralmente líquido.40 |
Sólidos em suspensão e efluente líquido tratado.39 |
Geração de Passivos Ambientais |
Média. O material pode ter baixa biodegradabilidade em aterros sanitários.6 |
Média. Gera cinzas que precisam de aterro e pode gerar emissões.5 |
Baixa. Gera efluentes líquidos que necessitam de descarte ou tratamento adicional.40 |
Baixa. Reutiliza ou descarta a água purificada.39 |
Melhora na Logística |
Alta. Facilita o manejo, transporte e armazenamento.1 |
Moderada. Os resíduos precisam ser transportados para a usina de incineração. |
Baixa. Não altera o estado físico do resíduo.40 |
Baixa. O efluente tratado é lançado na rede de esgoto ou reutilizado.39 |
A análise comparativa demonstra que a solidificação com SAP se destaca como uma tecnologia de pré-tratamento de baixo custo de capital e alta praticidade, resolvendo o problema logístico de manusear efluentes líquidos.1 Em contrapartida, a autoclavagem é um método de esterilização eficaz, mas não altera o estado físico do resíduo, gerando um efluente que ainda precisa de destinação final.40 A incineração e o coprocessamento, por sua vez, são tecnologias de destinação final, não de pré-tratamento, que resolvem a questão do risco biológico e da destruição do volume. A solidificação com SAP e a autoclavagem podem, em alguns casos, ser utilizadas de forma complementar.38
O mercado de gerenciamento de resíduos de saúde no Brasil evoluiu para um modelo de serviço integrado que oferece soluções completas aos geradores de RSS.42 Empresas especializadas não se limitam a vender o Poliacrilato de Sódio como um produto, mas oferecem um pacote de serviços que inclui consultoria para a elaboração do PGRSS e para a obtenção de licenças como o CADRI (Certificado de Movimentação de Resíduos de Interesse Ambiental).43 O principal valor entregue ao cliente é a garantia de conformidade legal, a segurança operacional e a eliminação da co-responsabilidade sobre o resíduo após a sua coleta.
A análise do mercado revela a presença de empresas como a Global Soluções Ambientais, que se posicionam como referência na solidificação de resíduos.42 A documentação disponível indica que essa empresa oferece uma solução de ponta a ponta, que inclui não apenas o fornecimento de produtos para solidificação, mas também serviços de transporte e destinação final.44 A empresa possui frota própria com veículos certificados para o transporte de produtos perigosos, em conformidade com as normas ABNT NBR 7500, 7503 e outras.44
Além do transporte, a empresa opera com tecnologias de destinação final como a incineração e o coprocessamento.44 A capacidade de uma única empresa gerenciar todo o ciclo de vida do resíduo — desde o fornecimento do produto de solidificação no local de geração até o transporte seguro e a destruição final por coprocessamento — representa uma solução completa e alinhada com as melhores práticas de gestão de resíduos e os princípios da economia circular.44 Outros fornecedores, como a Natureza Clean, comercializam o produto em menores volumes, inclusive para fins não hospitalares.45
A solidificação com Poliacrilato de Sódio é uma tecnologia robusta e alinhada com o arcabouço legal brasileiro para o manejo de resíduos de serviços de saúde. Ela resolve o desafio imediato da disposição de efluentes líquidos perigosos, tornando-os mais seguros para o manuseio e transporte.1 O processo de reclassificação do resíduo, viabilizado por essa tecnologia e comprovado por testes de lixiviação, é fundamental para o cumprimento das exigências da ANVISA e da ABNT.20
No entanto, a eficácia do Poliacrilato de Sódio em fluidos biológicos complexos e a necessidade de gerenciar o efeito de "bloqueio por gel" demandam a adoção de protocolos operacionais rigorosos e a capacitação dos profissionais.1 A verdadeira sustentabilidade do processo reside na escolha da destinação final do resíduo solidificado. O aterro sanitário, embora legalmente permitido após a reclassificação, levanta questões sobre a acumulação de material de difícil biodegradação a longo prazo.6
Com base na análise, as seguintes recomendações são apresentadas:
Para Administradores de Estabelecimentos de Saúde: A adoção da solidificação com Poliacrilato de Sódio é a melhor prática para o pré-tratamento de resíduos líquidos. Recomenda-se a parceria com empresas que ofereçam uma solução integrada, garantindo não apenas o fornecimento do produto, mas também a gestão completa da cadeia de custódia, incluindo o transporte especializado e a destinação final.42
Para Gestores de Resíduos: O modelo de negócio de serviços integrados é o mais seguro e eficaz para garantir a conformidade regulatória. Priorize a destinação final por coprocessamento 5, pois é a alternativa mais sustentável que destrói o resíduo por completo, elimina passivos ambientais e contribui para a economia circular.